Madrinha Rita – Hinário: Lua Branca
Lua-BrancaMadrinha Rita Gregório nasceu em 25 de junho de 1925, filha de Idalino Gregório e Maria Francisca das Chagas, num sítio da Várzea do Açu, no Estado do Rio Grande do Norte. Lá também nasceram os seus irmãos Francisco Gregório, Joana, Manuel, Luísa, Teresa, Júlia e João Batista. Entre os anos 20 e 40 do século passado. esses Antunes Gregório moravam numa propriedade dos Camilos, donos da famosa Fazenda Alemão na Várzea do Açu. Igual a grande maioria dos nordestinos desse tempo, eles não tinham terra própria, nem gado, nem destaque de vaqueiro. Como padrinhos da primogênita Rita, os pais tomam o casal Julião Camilo e esposa. Já o filho Manuel tomou como padrinho Manuelzinho Montenegro, na época uma das maiores lideranças da região.
A Várzea do Açu , além da agricultura, pecuária e do pastoreio, tinha na carnaúba uma de suas principais atividades econômicas. A carnaúba (Copernica cerífera, Mart.) também tinha grande importância econômica nesse tempo. Palmeira nativa do Nordeste, chamada a “árvore da vida”, sua cera tinha largo uso industrial, a palha e talo serviam para fazer a casa, o mobiliário e utensílios da casa do sertanejo. Ainda serve para fazer esteira, bolsa, chapéu, urupema, vassoura e outros utensílios. A sua madeira serve à construção civil, de móveis, currais, cercados, pontes, tubos e bomba d’água.
Seu Idalino Gregório arrendava o carnaubal miúdo. Saía cortando, estendendo a palha para secar, tirava o pó, fazia a cera. Os seus filhos e filhas, inclusive a Rita, também ajudavam nesse serviço de coleta. Se bem chovia, plantavam-se roçados de feijão, milho, jerimum, melancia, a safra dividida, de “meia”, com o patrão, os Camilos. Seu Idalino colhia os seus roçados e ainda trabalhava “alugado” apanhando a safra nos roçado dos vizinhos. Safras de castanha de caju, de algodão, no corte da palha de carnaúba e até na salina, onde o seu filho Manuel trabalhou de cozinheiro. Eles também pescavam nas camboas e no mar, e caçavam com cachorro pelos tabuleiros caatinga adentro a pegarem preá, punaré, tejo, peba, marical.
Nos primeiros anos da década de 40, os últimos anos que a família de seu Idalino e Maria Francisca das Chagas viveu na Várzea do Açu, foram anos de secas brabas, o que mais motivou a migração nordestina para o “Amazona”.
A ida para a Amazônia no tempo da borracha
Com eclosão da 2ª Grande Guerra Mundial. e a perda dos seringais da Malásia, que supriam de borracha os aliados, e a única fonte de abastecimento situava-se na Amazônia. Tais fatos iriam mudar a vida desses Gregórios para sempre, e a de dezenas de milhares de nordestinos, que iriam para a Amazônia, convocados para a “batalha da borracha”. Pelos sertões afora só se ouvia falar de quanto se enricava na borracha.
De abril a agosto de 1943, mais de 4 mil nordestinos entraram em Manaus. Em 1944 apareceu um agenciador de imigrantes na Várzea do Açu, onde morava a jovem Rita Gregório, seus pais e irmãos. O homem ganhava por cabeça convocando o povo para ir para a borracha. Conta-se que a jovem Rita, então com dezenove anos de idade, era uma alegria só com a decisão familiar de ir para a Amazônia.
Partiram do sítio Saco, num caminhão tipo pau-de-arara, às onze horas do dia 28 de abril de 1944. A viagem marítima de Fortaleza a Manaus, previa-se durar quatro dias. O navio a vapor singrou as águas atlânticas em procura de Manaus, apinhado de imigrantes “soldados da borracha”, muitos deles levando suas famílias. O navio ia sendo comboiado por outros militares, pois havia o perigo de torpedeamento nazista. Depois de Belém, o navio seguiu viagem no grande Amazonas. Quando desembarcaram em Manaus, fazia três dias que tinha saído um navio “gaiola” para Rio Branco, no Acre, para onde seu Idalino pensara ir.
Um irmão menor de Rita, chamado João Batista, enfermo, fraco, debilitado da viagem de semanas, não resiste, morrendo ali mesmo em Manaus. A mãe Maria Francisca das Chagas, aflita, depois que sepultou o filho disse que não ficaria mais um dia sequer na cidade. Foi então que chegou um seringalista do Alto Juruá, atrás de cinco famílias para levar para lá. Os filhos de seu Idalino combinaram com o velho, e transferiram o projeto de viagem, que era de ir para Rio Branco, para o Rio Juruá.
Na década de 30 aconteceram alguns fatos políticos marcantes no Rio Grande do Norte e no Brasil, dos quais certamente o povo de seu Idalino Antunes Gregório e dona Maria Francisca das Chagas, os pais da mocinha Rita Gregório, ouviram falar muito: o assassinato do presidente (governador) paraibano João Pessoa, a ascensão de Getúlio Vargas, o movimento comunista da tomada de Natal, a morte de Lampião e a 2ª Grande Guerra Mundial. Com a guerra houve a perda dos seringais da Malásia, que supriam de borracha os aliados, e a única fonte de abastecimento situava-se na Amazônia.
Tais fatos iriam mudar a vida desses Gregórios para sempre, e a de dezenas de milhares de nordestinos, que iriam para a Amazônia, convocados para a “batalha da borracha”. Pelos sertões afora só se ouvia falar de quanto se enricava na borracha.
De abril a agosto de 1943, mais de 4 mil nordestinos entraram em Manaus. Muitos não iam para o interior, desencantados no fracasso da “batalha da borracha”, ficavam ali mesmo iniciando o processo de favelização da capital amazonense, e popularizando o imigrante nordestino chamado “arigó”, que a crônica policial mais ajudou a espalhar a sua má fama. Em 1944 apareceu um agenciador de imigrantes na Várzea do Açu, onde morava a jovem Rita Gregório, seus pais e irmãos. O homem ganhava por cabeça convocando o povo para ir para a borracha. Conta-se que a jovem Rita, então com dezenove anos de idade, era uma alegria só com a decisão familiar de ir para a Amazônia: “Vamos s’embora minha gente, lá é que é a terra para se ganhar dinheiro”.
Partiram do sítio Saco, num caminhão tipo pau-de-arara, às onze horas do dia 28 de abril de 1944. É natural que tenha havido lágrima de despedida, mas é certo que houve maior euforia dessa família de seu Idalino Gregório amontoada em bancos atravessados à carroceria do caminhão, coberto de lona, chamado pau-de-arara.
A viagem marítima de Fortaleza a Manaus, previa-se durar quatro dias. O navio a vapor singrou as águas atlânticas em procura de Manaus, apinhado de imigrantes “soldados da borracha”, muitos deles levando suas famílias. O navio ia sendo comboiado por outros militares, pois havia o perigo de torpedeamento nazista.
Depois de Belém, o navio seguiu viagem no grande Amazonas. Quando desembarcaram em Manaus, fazia três dias que tinha saído um navio “gaiola” para Rio Branco, no Acre, para onde seu Idalino pensara ir.
Um irmão menor de Rita, chamado João Batista, enfermo, fraco, debilitado da viagem de semanas, não resiste, morrendo ali mesmo em Manaus. A mãe Maria Francisca das Chagas, aflita, depois que sepultou o filho disse que não ficaria mais um dia sequer na cidade. Foi então que chegou um seringalista do Alto Juruá, atrás de cinco famílias para levar para lá. Os filhos de seu Idalino combinaram com o velho, e transferiram o projeto de viagem, que era de ir para Rio Branco, para o Rio Juruá.
Rumo ao Juruá: A moça do sonho de Sebastião
Saíram de Manaus em julho e chegaram em agosto de 1944 no destino final da viagem: Eirunepé. O jovem Sebastião Mota de Melo morava num seringal vizinho ao local onde a família de seu Idalino se instalou. Quando o rapaz viu aquela imigrante nordestina de rosto redondo e alegre, não teve dúvida. Era ela a moça para se casar que ele tinha visto em sonho.
Sebastião e Rita casaram-se no final dos anos 40. No período de sete anos que essa família viveu no Juruá, nasceram os primeiros filhos do casal: Waldete, o primogênito, e Walfredo (hoje o Padrinho Alfredo, sucessor de seu pai no comando do CEFLURIS). Em 1951, o velho Idalino mudou-se para Rio Branco, Acre, com a esposa e filhos. Rita e seu esposo Sebastião com os três só foram em 1957, estabelecendo-se na chamada “Colônia Cinco Mil”, próxima a Estrada de Porto Acre. Viviam todos como vizinhos, dedicados à lavoura e à pecuária, mas também trabalhando espiritualmente.
A madrinha Rita em Rio Branco deu a luz ainda aos seus demais filhos ( Maria das Neves, Isabel, Nonata e Zé Mota, além de Iracema falecida). Acompanhou o padrinho Sebastião quando este começou a frequentar os trabalhos do Mestre Irineu no Alto Santo em 1965 depois da cura que obteve deste com o Santo Daime.
Abaixo vemos um pouquinho da homenagem de familiares e amigos da Madrinha Rita em sua varanda, comemorando seus 98 anos de vida.
Fonte: santodaime.org
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